terça-feira, 3 de maio de 2011

As duas faces da relação


Era verão, final de Agosto mais propriamente. Já estavam no último dia de férias e um grupo de amigos combinou fazer uma despedida daquelas que foram as melhores férias de sempre.
A noite chagara e todos se encontraram na praia onde acenderam uma fogueira. Apenas uma rapariga estava atrasada e quando chegou não vinha sozinha, trazia consigo um rapaz que mais tarde apresentou como seu primo, o Gonçalo.
Logo que ele chegou perto deles trocou um intenso olhar com Lia, uma rapariga que dava nas vistas pela sua simplicidade.
No correr das horas, os olhares permaneciam mas não trocavam nenhuma palavra. Contudo parecia que existiam apenas aos dois no meio daquela algazarra.
O nascer do sol surgiu e o grupo separou-se, prometendo voltar no Verão seguinte.
Ainda faltavam duas semanas para o regresso às aulas e ambos mantinham os seus pensamentos um no outro.
Chegara o primeiro dia de aulas e como era de esperar Lia não conhecia ninguém visto que era o seu primeiro ano na secundária. Entrou na sala de aula e deparou-se apenas com um lugar disponível para se sentar, até ao qual se deslocou, reparando que ao seu lado estava Gonçalo. Coraram depois de uma troca de olhares ainda mais intensa do que a primeira.
Os dias iam passando e Gonçalo tentava aproximar-se cada vez mais de Lia, que lhe dava para trás com medo de ser magoada como já havia acontecido anteriormente. No entanto ele não desistiu e fez com que ela mudasse de ideias em relação aos rapazes ou, pelo menos, em relação a ele. A cumplicidade cresceu a cada dia e daí surgiu um lindo e grande amor.
Aos olhos de Lia, Gonçalo parecia perfeito até ao dia em que ela percebeu que namorava com um rapaz excessivamente ciumento, que tentou privá-la de estar com os rapazes do sexo masculino. No inicio, Lia satisfez o pedido de Gonçalo até ao dia em que esse pedido se tornou numa ordem.
Numa tarde, Lia encontrava-se com o seu melhor amigo quando Gonçalo a chamou e ela dirigiu-se a ele, despedindo-se da sua companhia com um abraço.
- Que pensas que estás a fazer? – questionou Gonçalo, com um tom de voz que Lia nunca ouvira.
- Não estou a perceber…
- Não? Então o que foi aquele abraço? Quase que te penduravas nele! És uma oferecida!
Lia ficou admirada com tudo aquilo que Gonçalo dissera e nada consegui verbalizar. A única maneira de ele se aperceber de como a tratara foi ela ter começado a chorar, sem conseguir conter as lágrimas que escorriam pelo seu rosto.
- Desculpa, Lia, estes ciúmes…
- Esses ciúmes? Esses ciúmes, Gonçalo? O teu problema é que não consegues superar isso. Se me amasses, esses ciúmes já eram mais controlados.
- Se? Mas ainda existe “se”?
- Existe! Porque tu podes rir-te para todas e eu nem um abraço posso dar ao meu melhor amigo?
- Tu estavas colada a ele, por favor. És uma ordinária que nem tem noção disso.
- Gonçalo, pára! Tu não és assim, ou melhor, não eras. Já nem sei se te conheço. Ofendes-me por tudo e por nada, já só falta bateres-me.
- Desculpa meu amor. Eu amo-te, eu vou tentar controlar estes ciúmes, prometo! Só preciso que me dês uma oportunidade, por favor.
Lia amava-o, a cima de qualquer coisa, e aquele pedido, feito com o olhar terno e doce de Gonçalo, era impossível recusar.
As semanas foram passando, Gonçalo não mudava e os pedidos de desculpa aumentavam, embora fossem todos iguais. Mas Lia perdoava sempre porque via arrependimento no olhar do namorado. Mas um dia, as palavras ofensivas terminaram, agora juntava-se a ela as nódoas negras que Lia escondia a todo o custo.
- Já estavas outra vez agarrada ao teu amiguinho? – interrogou Gonçalo, depois de ter visto a namorada com o melhor amigo dela.
- Gonçalo, vais começar?
- Vou!
- Pára! Já chega, estou farta disto.
- Farta? Eu estou contigo mesmo sendo traído e tu é que estás farta?
- Eu nunca te traí, Gonçalo. Já chega. Estou farta das tuas ofensas, farta que desconfies de mim. Eu tenho direito como todas as pessoas e quero ser feliz. Por isso, como tu não mudas, isto não pode continuar… - antes de Lia acabar, Gonçalo agarrou-lhe nos cabelos e deu-lhe um estalo, largando-a momentos depois. – Viste isto? Podes ter a certeza que não volta a acontecer.
Gonçalo mostrou-se de novo arrependido mas Lia não lhe deu mais oportunidades. Ela virou costas e seguiu o seu caminho sozinha, deixando o rapaz a chorar e a gritar pelo nome dela.
Tinha chegado o fim da relação e o recomeço da vida de Lia. 
Ana Fraga, Flávia Pacheco, Letícia Martins, Sandra Pereira

1 comentário:

scsp disse...

uhuhuh, a nossa história +.+
está linda (a)